domingo, 1 de novembro de 2009

Vidas

3 Comments


Vinícius suspirava ao ver sua amada com cabelos presos em um coque. Podia imaginar beijando-a desde sua nuca descendo por suas costas. Mas... ela teria namorado? Fazia a matéria de design de gráficos com ela, mas nunca tinha tido coragem de lhe dirigir a palavra. Apenas olhares. Olhares de desejo.
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Luciana era quieta. Introvertida. Mas o que se passava dentro de sua cabeça, ninguém podia imaginar. Tinha um namorado, que amava talvez até mais que sua vida. Explico: suportava agressões, não físicas, mas morais. Todos os dias discutiam, por mais ridículo que o motivo possa ser. Corre para o banheiro e chora, sem entender o por quê de seu amor ser mais dor que felicidade.
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Daniel tinha uma namorada. Que pensava amar. Mas seu coração tinha dúvidas. Pertencia a... outro. Sim, outro homem. Estava com uma mulher, mas quase todas as noites dava a desculpa de que não podia vê-la e ia para o apartamento do amado.
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Era quinta-feira, Vinícius iria para sua aula de design de gráficos e a veria mais uma vez. E suspiraria. E sonharia. Mas desta vez ela não apareceu. O que teria acontecido?
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Em um sofá encostado à parede e com a televisão ligada, Luciana pintava as unhas do pé. Esmalte vermelho, o seu preferido. Não estava a fim de ir para a aula naquele dia. Queria passar um tempo consigo mesma.
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Havia decidido, iria terminar com ela. Não podia mais esconder seus sentimentos. Iria admitir para a família que não gostava mais de mulheres, estava apaixonado e feliz por outro... Parecia ser tão fácil em sua mente! Qual seria a reação de todos?
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Luciana pôde refletir sobre o que estava sentindo. Decidiu que deveria mudar. E o primeiro passo era desvencilhar-se de um amor que só a fazia sofrer. Já não sentia aquela emoção de vê-lo aos finais-de-semana, quando juntava toda uma saudade durante a semana. De segunda a sexta, ele dava desculpas de que tinha aulas importantes que acabam muito tarde ou que teria que fazer hora extra no trabalho. Era isso mesmo que queria? Não.
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Naquela noite, Vinícius não conseguiu dormir. Alguma coisa dentro dele dizia para ter coragem e finalmente trocar algumas palavras com sua amada. Podia começar com “oi, tudo bem?”, não seria tão difícil, seria? Ou perguntar as horas, por mais bobo que isso pudesse soar. Teria que esperar uma semana. Tudo bem, assim poderia ensaiar algumas falas.
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Chegou o sábado. Luciana, desta vez, não se preocupou em colocar uma roupa bonita ou se perfumar para ver Daniel. Dois dias atrás tomara uma decisão.
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Daniel foi pontual. Havia marcado com Luciana de almoçarem em um restaurante próximo de seu apartamento, acho que seria mais confortável para falar tudo o que estava pensando nos últimos dias.
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Encontraram-se na frente do restaurante, cumprimentaram-se com um beijo no rosto. Há uns três meses atrás, não seria assim. Abraçar-se-iam, falariam coisas um ao pé do ouvido do outro e saberiam que estavam seguros um na companhia do outro. Neste dia, tudo estava diferente. Não precisaram de muito tempo. Nem de muitas palavras. Cada um tomaria o seu rumo. Seriam amigos, quem sabe. Foi um alívio para os dois.
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Luciana sentiu uma felicidade inexplicável. Estava livre. Livre para amar e ser amada novamente. Nos dias que se passaram decidiu que ia mudar. Cortou o cabelo, comprou roupas novas, um perfume diferente. Queria ser vista e notada na rua.
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Chegou quinta-feira, Vinícius havia ensaiado diversas vezes com o espelho a tão sonhada conversa que teria com aquela mulher que tanto mexia com seus instintos. Estava nervoso... e se ela não lhe desse bola? E se tivesse namorado? Mas não podia mais esperar, tinha que descobrir. Foi quando a viu entrando na sala de aula. Estava mais deslumbrante do que nunca! Parecia... feliz.
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Luciana foi para sua aula. Sentou ao lado de um homem por quem sempre olhava, mas disfarçava. Achava-o atraente, mas, tinha namorado e sentia que traía com um simples olhar. Mas hoje era diferente, não desviou seu olhar. O nome dele ela sabia... Vinícius. Para sua surpresa ele deu um “oi”, tímido. Certamente ela o retribuiu e recebeu elogios por seu novo corte de cabelo. A conversa durou depois da aula. Daniel perdeu a timidez, com ela sentia-se bem, confortado. Não demorou muito, a convidou para jantar. Os momentos que tiveram foram únicos e especiais. Era amor de verdade.
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Daniel também estava feliz. Contou a toda família o que sentia e para sua surpresa, com um pouco de relutância, todos aceitaram.
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Mudanças são sempre necessárias. A felicidade depende delas. O amor também.

3 comentários:

Lory 6 de novembro de 2009 às 21:57

Haaaa eu amei a história!! Realmente, para sermos felizes precisamos de mudanças, não podemos ter receio delas...
Beijão

.julianegarcia 12 de novembro de 2009 às 09:45

"Mudanças são sempre necessárias. A felicidade depende delas. O amor também."

gostei muito disso! :D
très jolie!

diego gianni 20 de novembro de 2009 às 10:28

Uau! Está escrevendo muito bem, Nathi. Adorei a história.
Beijão querida